segunda-feira, 26 de março de 2012

Amor Incondicional - Ven. Arc. Rev. Carlos Alberto

Todo gesto de um cristão nasce, antes de tudo, da consciência que tem de Deus em sua vida. O seu “norte” é a presença de Deus, a sua orientação é Deus, o seu princípio de tudo é Deus, o objetivo de tudo é Deus, o sentido está em Deus, o serviço é para Deus. Fora de Deus tudo fica destituído de sentido, de motivação, de objetivo.  Como nos diz o Apóstolo: “Porque d’Ele e por meio d’Ele e para Ele são todas as coisas. A Ele, pois, a glória eternamente. Amém” (Rm 11.36).

A consciência dessa presença é de tal monta no viver dos homens e mulheres crentes que, mesmo o ato mais singelo, o gesto mais simples está permeado da presença divina, a ponto da vida transformar-se em liturgia e cada gesto um ato de serviço e adoração a Deus. O trabalho doméstico, o lazer, o trabalho assalariado, a palavra de amor, o auxílio ao necessitado... em tudo o cristão vê Deus que o chama, convoca, acolhe e recebe seus gestos e atitudes como resposta de gratidão ao Seu grande amor.

Perder a consciência dessa presença na vida é o mesmo que perder o senso do próprio viver, perder o senso dessa presença é o mesmo que perder o sentido dos próprios gestos, é perder o prumo, é desatinar da consciência de si mesmo. Toda cobrança negativa, toda carga pesarosa do viver, toda exigência condicional de nossos gestos, toda espera de retribuições e recompensas, nada mais é do que a perda da presença de Deus a quem devemos nos dar primeiramente quando outros nos convocam a nos dar a eles.

Pessoas que perderam o lugar de Deus na vida tornaram-se amargas, exigentes, cobradoras... Perderam de vista a alegria de incondicionalmente servir, de agir em resposta ao amor a Deus. Mas as pessoas que têm este sentido são semelhantes à mulher que, sensível ao momento, ungiu o Senhor com um bálsamo, antes de Sua paixão, doando-se a Ele, acrescentando ao Seu momento difícil um bálsamo que alivia e refrigera. Ela se deu voluntariamente, chegando mesmo a ser criticada por gastar tanto de uma só vez. Porém, o seu amor era livre e sem medidas, pois mirava, tão-somente, o objeto de Seu amor: Jesus. Graças a Deus pelo viver cristão: livre, abençoado e carregado de alegria e sentido.


* Rev. Carlos Alberto Chaves Fernandes, ofa, é Presbítero da Diocese do Recife; Pároco da Paróquia Anglicana da Santíssima Trindade, em Copacabana, Rio de Janeiro; Venerável Arcediago Sul-Sudeste; Frei da Ordem Franciscana Anglicana (OFA). Este artigo está no Manual da Campanha Diocesana da Consolação 2012.

Último Dia de Recolhimento da Campanha da Consolação 2012

Quando a ansiedade já me dominava no íntimo, o teu consolo trouxe alívio à minha alma” (Salmo 94:19 – NVI).

No próximo domingo, 01 de abril de 2012, estaremos celebrando o Domingo de Ramos. Nesse grandioso dia o Senhor Jesus (a consolação de Israel – Lucas 2:25) entra em Jerusalém para trazer consolo ao mundo.

É também no Domingo de Ramos que temos, enquanto Igreja Anglicana-Diocese do Recife, a oportunidade de recolhermos nossas ofertas para a Campanha da Consolação. O Senhor Jesus ofertou sua própria vida, e nós, o que temos ofertado ao Senhor?

Que cada um de nós, clérigos e povo de Deus, possamos (se ainda não o fizemos) estar levando até ao altar as ofertas alçadas dedicadas exclusivamente para a Campanha da Consolação 2012, e que é coordenada pelo Escritório Diocesano de Capelanias Anglicanas (EDCA).

Que o nosso íntimo seja aliviado à medida que possamos aliviar as necessidades do nosso próximo e das nossas comunidades.

Na Graça e Paz de Cristo,

+Revmo. Bispo Evilásio Tenório – Região Eclesiástica 2
+Revmo. Bispo Flávio Adair – Região Eclesiástica 1
Rev. Márcio Simões+ – Presidente do Conselho Diocesano
 ---
Secretaria Episcopal
Diocese do Recife - Comunhão Anglicana

Um Modelo a Seguirmos. Um Motivo para Prosseguirmos - Reverenda Marcia Coelho

JESUS orou: "Jesus falou assim e, levantando seus olhos ao céu, disse: Pai, é chegada a hora; glorifica a teu Filho, para que também o teu Filho te glorifique a ti..." (João 17).
JESUS jejuou: "E, tendo jejuado quarenta dias e quarenta noites, depois teve fome;" (Mt 4:2).
JESUS doou: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna" (Jo 3:16).
Orou várias vezes, se preparando para a missão e intercedendo por nós;
Jejuou para nos dar exemplo de como vencer a necessidade de satisfazermos a carne;
Doou o que de melhor podíamos receber, sua VIDA, que trouxe para nós a oportunidade de VIVER ETERNAMENTE!
A Campanha da Consolação está completando sua 4ª semana. Como estamos nos comportando com as disciplinas do jejum, oração e doação da "oferta de amor"?
Direcionemos nossos ouvidos a esse chamado.

"E disse-lhes: Esta casta não pode sair com coisa alguma, a não ser com oração e jejum" (Mc 9:29).

domingo, 18 de março de 2012

Verdadeira Piedade na Liturgia - Rev. Maurício Amazonas, OSE

E rasgai o vosso coração, e não as vossas vestes, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque Ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-se, e grande em benignidade, e se arrepende do mal (Joel 2.13).

Já se disse que o resumo da História da Revelação é o relato de como Deus busca os seus filhos e filhas. Isso está absolutamente correto e é o contrário do senso comum sobre religião: o ser humano em busca de agradar à divindade. Deus está no início, no centro e no final da decisão de salvar os Seus eleitos. É isso que se depreende na leitura do monoteísmo, cujo grande articulador de sua doutrina é Moisés, passando pelos profetas do Antigo Testamento, chegando até Jesus Cristo e o grande sistematizador das principais doutrinas do Novo Testamento, o Apóstolo São Paulo. A salvação é pela graça, desde os dias de Adão, até o último dia da história humana. Todo sacrifício humano se apresenta inútil para agradar a Deus ou comprar a nossa salvação.

Mas poderá alguém dizer: “Ora, se a salvação é pela graça, por que se pede que eu faça oração, jejum e doação, no período da Quaresma?”. Respondemos que estas são as principais disciplinas da Quaresma, mas que devem ser vividas durante toda a vida. Sobre elas, John Stott diz o seguinte: “Esse trio expressa nossa obrigação para com Deus (oração), os outros (doação) e conosco (jejum)”. E Jesus não suspendeu essas disciplinas já existentes no seu tempo. Pelo contrário, Ele as reforçou e mandou que Seus discípulos as praticassem de modo diferente dos fariseus, que gostavam de orar no meio da rua, dar esmolas na frente das pessoas e jejum com aparência desleixada.

Consolamos Porque Somos Consolados - Ven. Arc. Rev. João Peixoto

Qualquer dicionário nos traz definições semelhantes acerca do termo“consolo” como sendo o “ato de aliviar, amenizar a aflição ou as contrariedades de alguém, confortar”.

Não existe ninguém no mundo que não tenha sido consolado ao menos uma vez. Desde que nascemos, somos consolados. Uma criança quando vem ao mundo e o ar entra em seus pulmões e sai do conforto em que se encontrava no ventre de sua mãe, o choro é inevitável. Seja um médico, uma parteira ou quem quer seja o primeiro a pegá-la em seus braços trata de tomar as providências para acalmá-la, sossegá-la, deixá-la mais confortada. É o seu primeiro consolador.

Deus, porém, é sempre o melhor e mais eficiente Consolador a quem podemos recorrer. Ele promete nos consolar. Em 2 Coríntios 1:3-4 encontramos: “Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, Pai das misericórdias e Deus de toda a consolação, que nos consola em toda a nossa tribulação, para que também sejamos capazes de consolar os que passam por alguma tribulação, por meio da consolação com que nós mesmos somos consolados por Deus”.

Quão bom é sermos consolados! Quão maravilhosa é a sensação de alívio, paz, segurança, esperança que se segue!

Campanha Diocesana da Consolação 2012 - Artigo do Presidente do Conselho e Venerável Arcediago Centro - Ven. Arc. Rev. Márcio Simões

Ora, o Deus de paciência e consolação vos conceda o mesmo sentimento uns para com os outros, segundo Cristo Jesus (Rm 15.5)

Vivemos um tempo de pressa, correria e competição em praticamente tudo. Preparamos os nossos filhos para um “mundo competitivo”, e os orientamos com vistas à superação de desafios. Até na Igreja elaboramos um calendário para o ano, com o objetivo de avançar mais e mais, superando o que já foi feito outrora. Essas coisas não são, em si, erradas, mas precisamos admitir que elas nos deixam “ocupados” demais, sobrecarregados até.

Mas o pior é quando, por essa via, justificamos nossas faltas aos valores que defendemos como cristãos: tempo com a família, atenção aos amigos, socorro aos necessitados, ou seja, exercício do amor traduzido na prática da vida.

Imagine se Deus, tão “ocupado” como deve ser, não tivesse tempo para nos consolar? O salmista nos diz que “o choro pode durar uma noite, mas a alegria vem pela manhã” (Sl 30.5), e que o Senhor sustenta seus filhos no leito de enfermidade (41.3).

O apóstolo Paulo orou para que Deus concedesse aos crentes de Roma, e também a nós, seus leitores atuais, a paciência e a consolação, que são atributos seus, a fim de que aqueles que nos cercam e aqueles que Deus faz convergir em nossas vidas sejam abençoados por essa atitude. Por meio de qual modelo? “Segundo Cristo Jesus”!

Jesus consolou um cego em Jericó, uma mulher de conduta duvidosa à beira do poço de Jacó, um pai cuja filha jazia morta em sua casa, uma mãe no cortejo fúnebre do filho querido e tantos outros. Como nós temos reagido às pessoas que cruzam nossas vidas? Com quem nos assemelhamos: o sacerdote, o levita ou o samaritano da parábola?

Que aprendamos com Cristo, que nos consola sempre em nossas dificuldades, a consolar os que chegam até nós.